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  • Foto do escritorABMTHS

Felipe: 20 anos de Parsifal

Atualizado: 31 de mai. de 2023

A família dos Anjos Santos esperava ansiosa por seu primogênito, o ano era 1994. Com uma gravidez tranquila Joana e seu marido estavam curtindo esse momento com plenitude. Em seis meses de gestação, para surpresa de todos, o pequeno Felipe nasceu, mas precisou lutar pela vida, acabou sendo internado na UTI e só recebeu alta depois de 4 meses. Sua infância foi atípica, até 1 ano de idade mal se levantava, não mexia a cabeça e, depois de alguns anos e muitos exercícios, sempre com acompanhamento médico público, passou a engatinhar e somente aos 4 anos começou a andar com ajuda de uma bota ortopédica.


(Felipe aos 4 anos, quando começou a andar.)


Com o passar dos anos passou por inúmeras consultas e idas e vindas a médicos e veio a constatação do diagnóstico de Felipe: autismo com grau moderado.

Por volta dos 06 anos a família conheceu a Parsifal. E relata que nesta época ele não comia praticamente nada, nenhuma fruta ou pão, só gostava de suco de limão. Ele era uma criança muito agitada, e com o passar do tempo foi adquirindo um comportamento mais tranquilo e superando seus próprios desafios.



Chegada na Escola Especial

(Aos 07 anos na aula de desenho de formas)


Na Escola Especial as aulas de desenho de formas e música eram visivelmente os momentos preferidos de Felipe, além de ser o ajudante da professora. Em sala de aula, quando estimulado ele adorava guardar os cadernos, colocar as coisas no lugar. Ele tinha necessidade de organização e a família direcionou positivamente esse comportamento em casa. Com 07 anos já guardava as compras de mercado e até hoje é ele que arruma as camas pela manhã, fecha as janelas da casa à noite e não gosta de ver nada bagunçado.





(Comemorando seus 13 anos na Escola com a família )

Ele demonstrava adorar as aulas e cuidava muito bem dos seus cadernos escolares e os reconhecia. Felipe tem dificuldade de se expressar através da fala e a professora Adriana ficava pensando o que ele realmente havia absorvido de conteúdo das aulas que eram de Matemática, Português, Botânica, História, Contos de Fadas, Geografia, Física, Química. “Depois de começar a frequentar as Oficinas Terapêuticas aos 16 anos, Felipe parou diante de mim e a mãe dele Joana me falou que achava que ele queria me dizer algo, ele começou a contar de 1 a 10 mostrando com os dedos como eu fazia, essa cena ficou muito marcada na minha memória, me emocionei demais. É como se ele soubesse da minha dúvida, sobre o que de fato ele aprendia durante as aulas. Fiquei surpresa e muito feliz e disse: Joana ele sabe contar!”, explica a Coordenadora da Escola Especial Adriana Iozzi que foi professora de Felipe por 8 anos.


Ida para as Oficinas Terapêuticas


(Felipe em atividade nas Oficinas terapêuticas)


Aos 16 anos Felipe ingressa nas Oficinas Terapêuticas da Parsifal que têm foco no trabalho e dão ênfase ao convívio humano e ao desenvolvimento das habilidades manuais, promovendo a interação social e a autonomia. Jovens e adultos executam trabalhos em marcenaria, tecelagem, confecção de instrumentos musicais, feltragem e panificação como meio de alcançarem desenvolvimento motor, psíquico e social.

Outro ponto importante na vida adulta é a continuidade do cultivo de atividades artísticas e culturais, tais como dança, teatro, música, além do trabalho de conscientização corporal através de yoga e euritmia que são as aulas que permeiam o currículo das Oficinas.


“Durante todos esses anos o desenvolvimento do Felipe foi vísivel para nós e é reconhecido pela família. Conquistou várias capacidades, dentre elas, habilidades manuais e motoras, ritmo, convívio social, alcançando assim a grande meta das Oficinas Terapêuticas que é o trabalho com o outro e para o outro”, explica Ana Maria Varejão Coordenadora das Oficinas Terapêuticas.


Obra de arte que Felipe fez em conjunto com as terapeutas da Oficina de tecelagem e foi vendida no Bazar de Natal 2021.


Em 2021 em nosso Bazar de Natal, no qual vendemos peças das Oficinas feitas pelos alunos, a visitante Andrea Pires de Oliveira se encantou por um bordado feito por Felipe. Essa obra de arte hoje se encontra em seu quarto e ela descreve a emoção de quando viu a peça pela primeira vez: “Eu fiquei impactada e não consegui descrever em palavras a emoção que senti quando vi essa peça pela primeira vez, só queria tê-la perto de mim e fiquei curiosa de quem a havia feito. Perguntei para a moça que estava vendendo e ela me disse que a pessoa não estava ali, que era o Felipe, mas que ela poderia me enviar um vídeo dele produzindo a peça para que eu pudesse conhecê-lo.”, explica Andrea.


Felipe gosta tanto de vir para a Parsifal que sua mãe não mede esforços para tal. Ela se levanta as 04h da manhã para começar os preparativos para chegar as 08h na Instituição, depois de enfrentar 3 ônibus na ida e na volta. E como ela não consegue voltar para o lar, por conta da distância, Joana fica na Parsifal ajudando no que for necessário.


Passaram-se 20 anos que vivenciamos a companhia de Felipe e ficamos muito felizes e honrados pela confiança e carinho que a sua família deposita em cada um de nós da Parsifal. Que possamos estar por muito tempo juntos nesta caminhada, aprendendo e ensinando sempre.


 


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