Era uma manhã típica na Amazônia quando o helicóptero da Força Aérea apontou para a comunidade Crispim, no Acre. A equipe retornava ao Complexo Hospitalar EDS com uma missão muito especial: transportar com segurança alguns indígenas da etnia Zuruahã, que vivem isolados e distantes dos grandes centros e cujo contato com o homem branco é relativamente recente.
Dentre os pacientes estava a Xamã, matriarca da família e que há mais de 20 anos convivia com a cegueira causada pela catarata nos olhos. Muito apreensiva e desconfiada, Xamã era acompanhada por uma antropóloga e protegida, por todo tempo, pelo indígena guerreiro do grupo – um de seus netos.
Xamã foi levada à cirurgia e o procedimento realizado pelo médico-voluntário Dr. Mauro Campos foi rápido. No dia seguinte, a alta médica revelaria uma das maiores transformações já presenciada por nossas equipes. Ao tirar os tampões dos olhos, disse ao Dr. Ricardo, presidente da EDS, em Awará – seu idioma nativo: “vocês devolveram a minha vida”, e foi presenteada pelo próprio médico com a camiseta da ONG que estava vestindo. Ao retornar para sua aldeia, a indígena pode enxergar, pela primeira vez, seu neto.
Felizmente a jornada de cura da Xamã se repetiu ao longo da história da EDS entre milhares de indígenas que se submeteram a cirurgias em Expedições.
Meses depois a Xamã nos trouxe mais uma alegria: foi fotografada pelo agente de saúde da comunidade vestindo a mesma camiseta dos Expedicionários da Saúde. Ainda, foi também fotografada em preto e branco por Sebastião Salgado, em um registro emocionante algum tempo após a expedição EDS.
Créditos da foto: Sebastião Salgado.
Suruwahá Shaman: A Story of Overcoming
It was a typical morning in the Amazon when the Air Force helicopter pointed at the Crispim community in Acre. The team returned to the EDS Hospital Complex with a very special mission: to safely transport some indigenous people of the Zuruahã ethnic group, who live isolated and far from large cities and whose contact with white men is relatively recent.
Among the patients was the Shaman, matriarch of the family and who for over 20 years had been living with blindness caused by cataracts in her eyes. Very apprehensive and suspicious, Shaman was accompanied by an anthropologist and protected, at all times, by the indigenous warrior of the group – one of her grandchildren.
Shaman was taken to surgery and the procedure performed by volunteer doctor Dr. Mauro Campos was quick. The next day, the medical discharge would reveal one of the biggest changes ever witnessed by our teams. When removing the eye plugs, she said to Dr. Ricardo, president of EDS, in Awará – her native language: “you gave my life back”, and was presented by the doctor with the NGO t-shirt she was wearing. Upon returning to her village, the indigenous woman was able to see her grandson for the first time.
Fortunately, the shaman's healing journey has been repeated throughout the history of EDS among thousands of indigenous people who underwent surgeries in Expeditions.
Months later, the Xamã brought us another joy: she was photographed by the community's health agent wearing the same T-shirt as the Health Expeditionaries. She was also photographed in black and white by Sebastião Salgado, in an emotional record some time after the EDS expedition .
Photo credits: Sebastião Salgado.
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