A Orquestra Anelo, maior grupo instrumental pertencente ao Instituto Anelo, gravou um vídeo com a música “Cadê a Marreca”, composição do multi-instrumentista Arismar do Espírito Santo, que participa da produção tocando cavaco.
Trata-se do terceiro vídeo da Orquestra Anelo produzido a distância durante o período de isolamento social, decretado devido à pandemia da Covid-19 - os outros são “Uma Samba Pra Laís”, de Josimar Prince, e “Loro”, de Egberto Gismonti.
“Essa é uma música que já fez parte do repertório da Orquestra no seu início, quando o grupo ainda não tinha seus naipes completos”, lembra Guilherme Ribeiro. “Por essa razão, o arranjo sofreu modificações a partir da entrada de novos integrantes. É um arranjo antigo com cara de novo”, diz Guilherme Ribeiro.
Formada em 2018, a Orquestra Anelo é dedicada à formação de repertório arranjado, tendo a música brasileira e o jazz americano como referências estéticas. Conta atualmente com 20 integrantes, entre professores e colaboradores do Instituto Anelo, mais o maestro e o maestro assistente.
A HISTÓRIA DE “CADÊ A MARRECA”
Arismar do Espírito Santo conta que “Cadê a Marreca” foi composta após um episódio inusitado envolvendo uma iguaria da culinária catarinense, o Marreco Recheado, ou, nesse caso, uma marreca. Ele lembra que estava na cidade de Itajaí, em Santa Catarina, para uma série de aulas em um festival de música. “As aulas eram das 14h às 18h, mas eu sempre estendia o horário.”
Pois num desses dias de “horário estendido”, e nos quais mal tinha tempo para comer, que um colega músico o avisou que a avó havia preparado especialmente para ele a sua receita de Marreca Recheada, prato de longo e complexo preparo. A marreca, avisou o amigo, estava guardada no forno da cozinha da escola. “Porém, quando fui à cozinha e abri o forno, só encontrei os ossos”, lembra o músico.
Dois anos depois, o diretor do festival contou a Arismar que quem comeu a marreca foi uma senhora que trabalhava na escola como servente. Ela tinha um vida sacrificada e não havia comido nada naquele dia. Ao abrir o forno e se deparar com a ave, a senhora não teve dúvidas: comeu tudo. Vale aqui um parêntese: três dias após o episódio do forno vazio, Arismar pode, enfim, experimentar o famoso prato, já que a avó do amigo fez questão de cozinhar outro para ele.
“Cadê a Marreca” faz parte do disco “Foto do Satélite”, lançado em 2007 para marcar os 50 anos do artista. Participaram da gravação, ao lado de Arismar do Espírito Santo, nomes de peso da música brasileira, tais como o sanfoneiro Dominguinhos, a cantora Jane Duboc, o clarinetista e saxofonista Naylor “Proveta” e o contrabaixista e guitarrista Thiago do Espírito Santo, filho do compositor.
Sobre a gravação com a Orquestra Anelo, Arismar afirma estar curioso para ver o resultado final. “O arranjo do Guilherme é bonito”, diz ele, que conheceu o Anelo por meio do guitarrista paulistano Michel Leme, com quem se apresentou no Instituto por três vezes. Para ele, o trabalho do Anelo é muito importante. “Toda cidade merece ter um instituto como esse, um instituto que faça arte. Acredito que a fé é a vontade de tocar, as crenças se unem na música. Esse é o respeito.”
Anelo Orchestra records video with musician Arismar do Espírito Santo
The Anelo Orchestra, the largest instrumental group belonging to the Anelo Institute, recorded a video with the song “Cadê a Marreca”, a composition by the multi-instrumentalist Arismar do Espírito Santo, who participates in the production playing cavaco.
This is the third video by the Anelo Orchestra produced remotely during the period of social isolation, decreed due to the Covid-19 pandemic - the others are “Uma Samba Pra Laís”, by Josimar Prince, and “Loro”, by Egberto Gismonti .
“This is a song that was part of the Orchestra's repertoire at the beginning, when the group did not yet have their complete suits,” recalls Guilherme Ribeiro. “For this reason, the arrangement has undergone changes since the entry of new members. It is an old arrangement with a new face ”, says Guilherme Ribeiro.
Formed in 2018, the Anelo Orchestra is dedicated to the formation of an arranged repertoire, with Brazilian music and American jazz as aesthetic references. It currently has 20 members, including professors and collaborators from Instituto Anelo, plus the conductor and the assistant conductor.
THE STORY OF “CADÊ A MARRECA”
Arismar do Espírito Santo says that “Cadê a Marreca” was composed after an unusual episode involving a delicacy from Santa Catarina cuisine, Marreco Recheado, or, in this case, a marreca. He recalls that he was in the city of Itajaí, in Santa Catarina, for a series of classes at a music festival. "Classes were from 2 pm to 6 pm, but I always extended the hours."
For one of those “extended hours” days, when he barely had time to eat, that a fellow musician warned him that his grandmother had specially prepared his recipe for Stuffed Dumplings, a long and complex preparation dish. The mallet, warned his friend, was stored in the school kitchen oven. “However, when I went to the kitchen and opened the oven, I only found the bones”, recalls the musician.
Two years later, the festival director told Arismar that the lady who ate the mallard was a lady who worked at the school as a servant. She had a sacrificed life and had not eaten anything that day. Upon opening the oven and seeing the bird, the lady had no doubts: she ate everything. Here is a parenthesis: three days after the episode of the empty oven, Arismar can finally try the famous dish, since his friend's grandmother made sure to cook another one for him.
“Cadê a Marreca” is part of the album “Foto do Satélite”, released in 2007 to mark the artist's 50th birthday. Along with Arismar do Espírito Santo, important names of Brazilian music participated in the recording, such as accordionist Dominguinhos, singer Jane Duboc, clarinetist and saxophonist Naylor “Proveta” and bassist and guitarist Thiago do Espírito Santo, son of composer.
About recording with the Anelo Orchestra, Arismar says he is curious to see the final result. “Guilherme's arrangement is beautiful,” says he, who met Anelo through São Paulo guitarist Michel Leme, with whom he performed at the Institute three times. For him, Anelo's work is very important. “Every city deserves to have an institute like this, an institute that makes art. I believe that faith is the will to play, beliefs come together in music. That is respect. ”
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Instituto Anelo
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